Aumento da renda através de boas práticas apícolas: caminhos para uma produção de mel segura e valorizada

A apicultura tem sido uma importante fonte de renda para muitas famílias de pequenos e médios produtores rurais no Brasil

Com o aumento da demanda por produtos de qualidade e o crescimento das exportações, o setor apícola brasileiro precisou adotar práticas rigorosas para garantir a qualidade e segurança do mel produzido.

O mercado internacional, altamente exigente, estabeleceu normas rígidas para a produção e exportação de alimentos, e os apicultores nacionais vêm adaptando suas operações para atender a esses padrões e se destacarem no mercado global.

Neste artigo, discutiremos as Boas Práticas Apícolas (BPA) e como sua implementação pode aumentar a competitividade e o valor do mel brasileiro nos mercados interno e mundial.

As Boas Práticas Apícolas

As Boas Práticas Apícolas representam um conjunto de procedimentos e normas que garantem a qualidade e segurança do mel. Ao adotá-las, os apicultores podem assegurar que o mel produzido é seguro para consumo e livre de contaminantes.

As BPA cobrem desde a higiene dos trabalhadores e equipamentos até a coleta e beneficiamento do mel, passando pela manutenção de registros detalhados de cada etapa do processo.

A adoção de BPA ajuda a mitigar três principais tipos de riscos:

  1. Riscos físicos: Contaminação por materiais estranhos como areia, folhas, fragmentos de quadros ou partes de insetos.
  2. Riscos químicos: Presença de substâncias estranhas, como resíduos de agrotóxicos, detergentes ou antibióticos.
  3. Riscos biológicos: Contaminação por microorganismos que podem deteriorar o mel ou causar doenças.

Ao mitigar esses riscos, os apicultores aumentam a confiabilidade de seu produto e se posicionam melhor no mercado.

Implementação das Boas Práticas Apícolas

Implementar BPA envolve atenção a diversas etapas de produção, que devem ser rigorosamente seguidas e documentadas. Abaixo, abordamos os principais procedimentos que apicultores devem considerar:

1. Capacitação e saúde dos colaboradores

A saúde e treinamento dos colaboradores são essenciais para uma produção de qualidade. Todos os envolvidos devem passar por um treinamento em BPA e devem estar em boas condições de saúde. Colaboradores com doenças como gripe ou infecções cutâneas, por exemplo, não devem participar da coleta ou manuseio do mel. Hábitos anti-higiênicos, como tossir ou espirrar sobre o mel, devem ser evitados, assim como o uso de perfumes e desodorantes fortes que podem alterar o sabor do mel.

2. Cuidados na coleta e transporte

A coleta deve ser realizada em dias ensolarados, e é fundamental que as melgueiras (caixas onde o mel é armazenado) não toquem o chão. Elas devem ser apoiadas em bandejas e protegidas da luz solar. Para evitar contaminação, os favos devem estar operculados (com uma camada de cera protetora) em pelo menos 80% de sua área e devem ser livres de crias e pólen.

No transporte, as melgueiras devem estar em um veículo fechado. Se forem transportadas em veículos abertos, como caminhonetes, uma lona limpa deve ser usada para forrar a caçamba e cobrir as melgueiras.

3. Higienização de equipamentos e asseio pessoal

A higienização adequada dos equipamentos e do pessoal envolvido é essencial para evitar contaminações. Equipamentos devem ser lavados com água corrente, sabão neutro, e sanitizados com uma solução de água sanitária a 0,5%. A higienização pessoal inclui banho, unhas aparadas, e o uso de touca e máscara. As roupas devem ser claras, de preferência brancas, e é necessário remover aneis, pulseiras e outros acessórios.

Beneficiamento e comercialização

Após a coleta, o mel passa pelo processo de beneficiamento, que ocorre na Unidade de Extração de Produtos das Abelhas (UEPA), ou casa do mel. Nesta fase, o mel é centrifugado, peneirado e decantado para a remoção de impurezas. O local de extração deve cumprir normas sanitárias estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Além disso, o mel deve passar por um entreposto para melhorar sua padronização e qualidade final, realizando etapas como homogeneização, retirada de umidade e embalamento.

A adequação dessas estruturas permite que o produto receba o Selo de Inspeção Federal (SIF), emitido pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), garantindo qualidade e segurança para consumo e exportação.

O Caderno de Campo: ferramenta de rastreabilidade

A rastreabilidade é um requisito cada vez mais valorizado no setor agropecuário, e o caderno de campo é uma ferramenta essencial para assegurar a qualidade do mel. Nele, o apicultor registra cada etapa do processo de produção, possibilitando um histórico detalhado do produto. Esse controle é crucial para garantir a segurança alimentar e para atender aos requisitos de mercado.

O caderno de campo também fortalece a credibilidade do apicultor, uma vez que permite comprovar os cuidados tomados durante o processo produtivo, facilitando auditorias e aumentando a confiança do consumidor.

Adoção das Boas Práticas Apícolas e aumento da rentabilidade

A implementação das BPA, além de garantir a segurança do produto, também aumenta a competitividade do mel brasileiro. Produtos de alta qualidade têm maior valor agregado e são mais bem aceitos nos mercados internacionais. Apicultores que se comprometem com essas práticas conseguem melhor remuneração, ampliando a renda e assegurando um futuro sustentável para suas famílias.

Dicas para aumentar a competitividade:

  1. Capacitação contínua: Atualize-se sobre novas técnicas e requisitos de mercado.
  2. Registro das etapas da produção: Um caderno de campo bem mantido é uma ferramenta valiosa para auditorias e rastreabilidade.
  3. Garanta a segurança do seu produto: Monitore todos os riscos de contaminação e siga os padrões de higienização.
  4. Certificações e selos de qualidade: O Selo de Inspeção Federal é um diferencial importante que permite exportação e aumenta a confiabilidade do produto.

Esse compromisso com a segurança alimentar beneficia tanto o apicultor quanto o consumidor, fortalecendo a apicultura como uma fonte segura e sustentável de renda.

Se você é um apicultor em busca de melhores resultados, siga essas dicas, posicione-se como um fornecedor confiável e veja seu negócio crescer com qualidade e rentabilidade.

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