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23/06/2022 às 17h43min - Atualizada em 24/06/2022 às 00h00min

Decisão do STJ pode impactar mercado da cannabis medicinal

Fundadora da WeCann ressalta a necessidade de maior esclarecimento sobre benefícios para não prejudicar pacientes

SALA DA NOTÍCIA Predicado Comunicação
Divulgação

Diante do potencial para os mais variados tratamentos de saúde – comprovados cientificamente -, a cannabis medicinal vem cada vez mais em ascensão, com um aumento de 15 vezes nas importações em 5 anos. Decisões na Justiça já determinaram a planos de saúde que forneçam produtos importados à base de cannabis para tratar problemas de saúde, no entanto, nos últimos dias, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que as operadoras não são obrigadas a pagar por tratamentos que não constem da lista da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), trazendo impactos a quem utiliza esses medicamentos, uma vez que a questão não está no rol da ANS. “Para centenas de pessoas, o produto à base de cannabis é a única opção terapêutica que trouxe resultados, após esgotar diversos outros tipos de tratamento”, fala a neurocirurgiã e uma das principais pesquisadoras sobre o tema, Patrícia Montagner, que atende mais de mil pacientes que utilizam a cannabis medicinal.

A especialista também é fundadora da edtech WeCann Academy - única instituição da América Latina que realiza cursos exclusivamente voltados para médicos, e ressalta que a questão precisa ter mais esclarecimento e compreensão, frisando que a comunidade médica é a liderança natural e correta no esforço de elucidar o tema junto à sociedade. Segundo a Anvisa, não há um dado consolidado atual sobre a quantidade de prescritores de cannabis medicinal no país. O último, é de 2.100 prescritores de produtos importados, “mas não seria possível afirmar que ele se mantém atual”, salienta o órgão.

“Vemos que ainda são poucos os profissionais que dominam o tema e, com cada vez mais descobertas acerca do sistema endocanabinoide e do potencial dos elementos químicos dessa planta, se faz necessário que os médicos se aprofundem no assunto para consolidar o conhecimento no Brasil e que estejam preparados para prescrever e orientar produtos à base de cannabis aos seus pacientes”, fala.

Em dois anos de operação, a WeCann já formou alunos não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos, países da América Latina e Europa. Grupos da Ásia e Oceania também já demonstraram interesse em levar o curso, disponível em português, inglês e espanhol aos seus territórios. Em 2022, na primeira turma deste ano, foram 400 médicos inscritos e a expectativa é chegar a mil profissionais até dezembro.

Dra. Patrícia salienta que a discussão sobre o uso medicinal da cannabis precisa ser amplo para extinguir os preconceitos que envolvem o assunto por falta de conhecimento. “As informações sobre os estudos científicos, as descobertas e os depoimentos dos pacientes que tiveram melhora significativa após a utilização dessa terapêutica precisam ser difundidos amplamente, pois só com conhecimento podemos combater o preconceito. E, nessa questão, nós, médicos, devemos assumir o papel de protagonistas de conteúdo técnico qualificado, ajudando a esclarecer e a educar a população”, conclui.


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