Edusp lança nesta quinta a maior compilação de mitos sobre Exu

‘Exu: Um Deus Afro-atlântico no Brasil’ analisa diferentes pontos de vista sobre entidade mais controversa para religiões cristãs

A Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) lança nesta quinta-feira (15) o livro “Exu: Um Deus Afro-atlântico no Brasil”, do antropólogo Vagner Gonçalves da Silva, que define a divindade como a mais controversa que emergiu da confluência das culturas africanas, europeias e americanas. O autor participa de duas mesas-redondas a partir das 14 horas, no Edifício Rui Barbosa do Centro MariAntonia da USP (Rua Maria Antônia, 294 - 3º andar - São Paulo-SP), com noite de autógrafos às 18h.  
O tema do primeiro debate, às 14h, será “Exu na Diáspora”, com o Babalorixá Antonio Paulino (Toninho da Oxum), Tata Katuvanjesi (Walmir Damasceno) e com o autor. A mediação será de José Pedro da Silva Neto Inatobi. Na mesa-redonda seguinte, às 16h, a abordagem é "Exu na Cultura Nacional", com Rosenilton Silva de Oliveira, Claudia Alexandre e o autor. O mediador é Felipe Gabriel Oliveira. O lançamento oficial será a partir das 18h.
O autor apresenta diferentes pontos de vista e analisa características do culto no Brasil, que apresenta distinções no candomblé em relação à umbanda, até a apropriação pelas denominações cristãs do catolicismo e, mais recentemente, do neopentecostalismo.
A publicação é uma versão revisada e ampliada da tese de livre-docência de Silva, defendida em 2013, na USP. O interesse pelo tema deu prosseguimento a duas pesquisas anteriores sobre intolerância religiosa e o culto de Exu no Brasil, apresentadas em 2007 e 2013. “Foi aí que encontrei esse protagonismo nos ataques à figura do Exu por parte de algumas igrejas, em que aparece como se fosse o demônio”, diz o autor.
O livro também representa a maior compilação de representações de Exu, com 183 mitos da divindade, identificadas em textos acadêmicos e de divulgação religiosa, além de três anexos que trazem a iconografia, filmografia e musicografia de Exu no país. Para se ter uma ideia, a maior compilação de mitos de Exu até então encontrada pelo autor tinha 46 deles, na tese de doutorado em língua inglesa da nigeriana Ayodele Ogundipe.
Todos esses mitos ajudam a explicar a dificuldade em se caracterizar Exu. Por isso, o autor divide as duas primeiras partes do livro entre Exu nos terreiros e outra para as igrejas neopentecostais. Por ser associado à fertilidade e à sexualidade, passou a ser alvo de preconceitos e mal-entendidos já há séculos, quando os europeus tiveram contato com o culto à entidade na África. 
Segundo o autor, em uma das mitologias Exu é agraciado como o guardião do axé, da transmissão de mensagens, que une a todos e tem o poder de falar em nome de todos, dos homens para os orixás, dos homens para os deuses, e vice-versa. "A mitologia de Exu começa a ser elaborada e ele passa a ser esse sujeito da comunicação, por isso está associado à fala e muitos o entendem como um tradutor universal", conta Silva. 
O autor
Vagner Gonçalves da Silva é professor associado e pesquisador do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, onde foi de bacharel em ciências sociais a doutor em antropologia. Tem pós-doutorado desenvolvido na Harvard University e também pela City University of New York (Graduate Center); foi também professor visitante como bolsista na “Big Apple”. 
O antropólogo desenvolve pesquisas na área das populações afro-brasileiras, com foco em temas como religiosidade, relações entre religião e cultura brasileira, artes afro-brasileiras e representação etnográfica. É coordenador do Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras (CERNe), grupo de pesquisa certificado pelo CNPq -USP. 
Saiba mais sobre o livro no link
 
SERVIÇO
Lançamento do livro “Exu: Um Deus Afro-atlântico no Brasil”
Quando: 15 de setembro de 2022
Horário: 14 às 21 horas
Onde: Edifício Rui Barbosa do Centro MariAntonia da USP 
Endereço: Rua Maria Antônia, 294 - 3º andar - São Paulo-SP
Informações: (11) 3123-5202