Em frente a igreja, Lula relembrou as greves dos metalúrgicos, em que participava durante o regime militar. “A gente estava em greve, a diretoria do sindicato foi toda presa e os trabalhadores ficaram sendo organizados pela comissão de fábrica”, contou sobre um episódio ocorrido em 1º de Maio de 1980.
Na ocasião, segundo o candidato, os sindicalistas tiveram que se refugiar no interior da igreja para evitar a repressão. “Na época, o saudoso Dom Cláudio Hummes era o bispo da região do ABC e ele dava guarida para os trabalhadores entrarem na sacristia para que a gente não apanhasse da polícia”, relembrou.
Ainda pela manhã, os economistas Edmar Bacha, Pedro Malan, Pérsio Arida e Armínio Fraga declararam voto em Lula no segundo turno. Eles serviram aos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2001) e foram criadores do Plano Real, programa que implantou a nova moeda e ajudou a controlar a hiperinflação no país nos anos 1990. Em comunicado, os quatro economistas disseram esperar que um eventual retorno de Lula à Presidência tenha "condução responsável da economia". "Votaremos em Lula no 2º turno; nossa expectativa é de condução responsável da economia", declararam.
Malan foi ministro da Fazenda durante o governo de FHC e presidente do Banco Central durante o governo de Itamar Franco. Arida e Bacha foram os criadores do Plano Real ainda no governo FHC. Armínio Fraga foi presidente do Banco Central no segundo mandato de FHC. Ontem (5), o ex-presidente declarou apoio a Lula.
Em nota, a campanha de Lula e de seu candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, elogiou a postura dos economistas.
"Com esse ato de grandeza e de compromisso público com o Brasil, os economistas André Lara Resende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Pedro Malan e Pérsio Arida se somam a postura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de diversos quadros históricos do PSDB em defesa da democracia e da inclusão social representadas pela candidatura Lula-Alckmin. Estivemos juntos no processo de redemocratização que derrotou a ditadura militar e, agora, juntos novamente, vamos derrotar o autoritarismo, o obscurantismo, o negacionismo e os desmontes de Bolsonaro, além de recuperar a economia brasileira, reduzindo a inflação e voltando a gerar emprego e renda para o povo brasileiro", diz a nota.
À tarde, também na capital paulista, Lula recebeu políticos do PSD, partido presidido deputado federal e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. A legenda, que se manteve neutra no primeiro turno e repetirá o posicionamento no segundo, liberou as bancadas e seus diretórios para apoiarem qualquer um dos candidatos a presidente que estão na disputa.
Entre os apoios recebidos por Lula nesta quinta-feira, está o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. "O presidente Lula é o único político com nível nacional que tem compreensão da importância do estado do Rio de Janeiro para o Brasil. A mensagem que nós passamos aqui é que nós vamos trabalhar incessantemente [pela eleição de Lula]", afirmou o prefeito. O encontro também reuniu nomes como os senadores Cárlos Fávaro (PSD-MT) e Otto Alencar (PSD-BA), este último reeleito no domingo (2) para um novo mandato.
Matéria atualizada às 18h43 para acréscimo dos apoios dos economistas Edmar Bacha, Pedro Malan, Pérsio Arida e Armínio Fraga e de políticos do PSD.