A segunda edição do Congresso Escolas pelo Clima (EpC) divulgou, na quarta-feira (23), as escolas ganhadoras do prêmio que avaliou projetos voltados para a educação climática nas redes públicas e privadas de todo o país.
O evento, realizado pela Reconectta e pelo Movimento Escolas pelo Clima, teve início às 19 horas em formato virtual, gratuito e aberto ao público. Ao todo, foram 35 projetos apresentados pelas escolas signatárias, que fazem parte do movimento que leva o mesmo nome, reunindo educadores e pesquisadores que trabalham para que a educação climática esteja cada vez mais presente no cotidiano das salas de aula ao longo do ano letivo.
Todas as iniciativas apresentadas, além de se tornarem integrantes da comunidade, receberam o selo Escolas pelo Clima. Este ano, além do reconhecimento, o congresso ofereceu prêmio especial para os quatro melhores projetos selecionados por um júri composto por educadores e especialistas na área de educação e sustentabilidade
Vencedores
Na categoria Ensino Infantil, a ideia vencedora foi uma iniciativa desenvolvida pela Secretaria Municipal de Maringá, Parané, o ‘Sustentare – Vivendo em Harmonia com o Meio Ambiente’. O desenvolvimento do projeto envolveu a comunidade escolar e estudantes em ações pedagógicas relacionadas ao enfrentamento às mudanças climáticas e seus impactos, principalmente, no que envolve o cultivo, proteção e manutenção de plantas, uso sustentável e inteligente da água, utilização sustentável dos recursos naturais, entre outros.
“O projeto envolveu crianças e abordou o amor à natureza. A partir disso, desenvolvemos o lema “eu gosto, eu cuido”. Se a criança for acostumada desde já com isso, ela vai crescer aprendendo a cuidar do meio ambiente”, conta a secretária da pasta Elenice Gonçalves Simoni. A iniciativa é voltada para crianças de até 5 anos.
Impacto nas políticas públicas
A categoria Ensino Fundamental I teve como projeto vitorioso o ‘Compar Trilhar - Para além dos muros da fundação’, idealizado por Kátia Elaine da Silva Milanez, Ana Carla Lopes Espíndola da Costa Reis e Luciane Cristina Voltani José, da unidade escolar da Fundação Raízen, de Jaú, São Paulo. A ideia do projeto surgiu a partir de informações divulgadas pelo painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um órgão da ONU, que publicou recentemente um estudo que revela os impactos da interferência humana nas alterações climáticas no mundo.
O fio condutor do projeto foi o transbordamento do Rio Jaú e a grande quantidade de lixo exposto que propôs a reflexão sobre o destino do lixo na cidade. As famílias também foram envolvidas nas ações. Todas essas descobertas resultaram numa exposição com estações criadas para observação e reflexão de temas como aquecimento global, compostagem, mudanças climáticas, entre outros, lideradas pelos próprios estudantes.
Os estudantes envolvidos no projeto ‘Compar Trilhar’ também foram recebidos pelo prefeito de Jaú, Jorge Ivan Cassaro, que firmou o compromisso de apresentar um Projeto de Lei instituindo Educação Ambiental em todas as escolas do município.
Controle do efeito estufa
Já a categoria Ensino Fundamental II premiou a ideia “Agro.flores.e.tal”, de Rose Hélida Astolfo Freire, do Colégio Estadual Dr. Caetano Munhoz da Rocha, de Nova Aliança do Ivaí, no Paraná. Os estudantes produziram mini documentários, apontando práticas conservacionistas desenvolvidas na escola, possíveis alternativas para a redução dos processos erosivos, controle das emissões de gases do efeito estufa, poluição causada pelos resíduos gerados nas agroindústrias de cana de açúcar e mandioca, mortandade das abelhas e fortalecimento da agricultura familiar na região.
E a última categoria a conquistar o título foi a que engloba os ensinos Médio, Superior e EJA (Ensino para Jovens e Adultos), cuja ideia campeã foi a do projeto “Projeto Sustentabilidade Missão Carbono Zero”.
Apresentado por estudantes e educadores do Colégio Embraer de São José dos Campos – Sávius Castro, Fabiana Moreira, Ana Beatriz, Maria Gomes e Ricardo Bacelar – a iniciativa colocou em prática uma ideia desenvolvida em sala de aula e que contribuiu para a redução em mais de 30% do gás carbônico emitido pelos ônibus que circulam na cidade localizada no interior paulista.
Para a idealizadora e diretora da Reconectta e do Movimento Escolas Pelo Clima, Lívia Ribeiro, independentemente de quem venceu, a segunda edição do congresso foi um sucesso pelo fato de contar com ideias inspiradoras desenvolvidas em sala de aula com o propósito de melhorar o meio ambiente. E a abordagem do tema sustentabilidade nas escolas deve ser mais valorizada por todos os profissionais da educação.
“O nosso objetivo é unir, reconhecer e inspirar por meio do compartilhamento de diferentes ações climáticas realizadas ao longo de 2022 e valorizar todo o empenho por uma formação humana mais sustentável. Nossa proposta é incentivar as escolas, educadores a criarem projetos significativos de um ponto de vista climático e pedagógico, mas simples de serem implementados”, destaca Lívia Ribeiro.
Edson Grandisoli, diretor educacional da Reconetta e do Movimento Escolas Pelo Clima, destacou a importância de ter a pauta climática presente na grade curricular das escolas e as discussões oriundas da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a COP27, que aconteceu recentemente no Egito. Para ele, os compromissos ambientais do Brasil, que incluem a redução do desmatamento da Amazônia, dentre outras ações de mitigação e compensação, precisam ser disseminados e analisados pelos estudantes.
Todas as 35 iniciativas reconhecidas pelo Congresso Movimento Escolas Pelo Clima farão parte de um e-book que será lançado em breve.