Desde o histórico leilão da Anatel em dezembro de 2021, que alcançou impressionantes R$ 47 bilhões em arrecadação e representou o marco definitivo para a chegada do tão esperado 5G no Brasil, a expectativa e a ansiedade pela sua implementação têm permeado não apenas a população, mas também o cenário empresarial. Desde o ano passado, a quinta geração de tecnologia móvel tem sido progressivamente implantada, solidificando sua presença em todas as capitais do país, e hoje sendo usada por mais de 8 milhões de usuários. Com projeções ambiciosas, espera-se que o 5G alcance todas as cidades brasileiras até 2029, impulsionando uma transformação tecnológica.
Para alguns dos principais setores da economia, a tecnologia poderá alavancar verdadeiras revoluções. André Medina, responsável pelo Vetor AG, programa de inovação aberta da Andrade Gutierrez, espera que os projetos estejam cada vez mais conectados, independente de estarem localizados em grandes centros urbanos ou locais mais distantes. “Com a maior conectividade e rastreabilidade que o 5G oferece sobre equipamentos, materiais e pessoas, dados e estatísticas poderão ser manuseados em tempo real, gerando redução de custos, aumento de produtividade e tomada de decisões mais assertivas”, afirma Medina.
No entanto, essa conectividade mais aprimorada não beneficia somente o setor da engenharia. Os segmentos varejistas que lidam com logística e tecnologia também têm muito a ganhar. “Um dos benefícios é a diminuição de custos por parte das grandes operações de varejo, que ainda utilizam sistemas instalados. O 5G irá acelerar ainda mais a migração para os sistemas totalmente online, como ERPs, unificando e modernizando suas operações, com informações estratégicas em tempo real”, comenta Tibério Valcanaia, diretor técnico do Myrp, primeiro software de gestão empresarial (ERP) em nuvem do país. “Com uma boa internet na palma das mãos, vendedores e gestores poderão vender a qualquer momento, por meio de celulares e sem a necessidade do cliente ir até um caixa e pegar filas para finalizar suas compras.”
Para Andrei Dias, head de vendas da Nexaas, retail tech especialista em inovação para o varejo, o 5G deve atender a demanda dos consumidores que seguem em busca de uma jornada de compra ágil e eficiente. “A quinta geração vai possibilitar informações relevantes em tempo real, tanto para o consumidor quanto para o lojista, diminuindo a possibilidade de desistências e oferecendo alternativas atraentes, caso o comprador não ache o item que deseja”, aponta o executivo.
Outra área que deve ser impactada é a de mobilidade. Para o segmento, a tecnologia deve tornar o mercado de transportes por aplicativos mais inteligente. Os números do Ministério das Comunicações mostram que, enquanto o 4G consegue conectar até dez mil dispositivos por quilômetro quadrado simultaneamente, o 5G suporta até um milhão. ”Quanto melhor e mais estável a conexão, maior será o alcance do transporte por aplicativo e a qualidade dos serviços", comenta Bruno Muniz, sócio-executivo da Gaudium, startup focada nos mercados de mobilidade e logística.