A ecóloga paraense e assessora da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) Ima Vieira, defendeu a necessidade de políticas públicas para zerar o desmatamento e o fortalecimento das comunidades e povos tradicionais na plenária no Diálogos Amazônicos no domingo (6), em Belém, no Pará.
Ima abriu o diálogo falando sobre os modelos de desenvolvimento e os grandes projetos na região. “Um dos traços mais marcantes, ao se examinar os processos de ocupação da Amazônia e os modelos de desenvolvimento praticados, é a sua orientação de fora para dentro. Esses projetos buscam atender as necessidades de problemas exógenos da região, como o abastecimento de mercados externos e de projetos de infraestrutura, que não atendem as nossas necessidades e sim de outras áreas do território, atuando divergentemente da realidade e exaurindo os recursos naturais presentes impactando o ambiente”, afirmou.
A ecóloga também destacou a importância das comunidades tradicionais como guardiões do território. “Os povos tradicionais dessa região têm um papel fundamental a desempenhar não apenas no desenvolvimento, mas na própria viabilidade de um futuro para o país. E precisam ser respeitados em seus direitos territoriais e apoiados por políticas públicas inclusivas”.
“A Amazônia tornou-se um lugar de disputada simultânea de muitos agentes econômicos, desde os empreendimentos da cadeia agropecuária, de minérios, da madeira, do garimpo, do narcotráfico, de negócios de marcado de terra e muitos outros. A questão fundiária é a questão mais aguda da Amazônia e o desmatamento e as queimadas se apresentam como duas de suas faces mais perversas, e as mudanças climáticas intensificam o quadro de problemas na região”, destacou a assessora.
Durante o diálogo, Ima apresentou um mapa com o retrato da Amazônia afetada pelo desmatamento, queimadas e extração de madeira. A ecóloga falou sobre a importância de um plano de transição ecológica e da economia verde, que busca conciliar a noção de produção de baixo carbono, o uso eficiente e sustentável dos recursos naturais e a inclusão social.
Para a ecóloga, o Diálogos Amazônicos é uma oportunidade de desenhar uma proposta de desenvolvimento em favor das pessoas, cujo centro esteja na sustentabilidade e na igualdade.
“Eu fico feliz que o Brasil tenha avançado numa política pública para o desmatamento zero. Mas é preciso ir além e é preciso criar unidade de conservação. É preciso que tenhamos 80% para que não cheguemos no ponto de não retorno e isso é um desafio muito grande para o Ministério do Meio Ambiente e para todos nós”, defendeu a ecóloga.
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A ecóloga participou da plenária com o tema “Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional”.
Ima é referência internacional na pesquisa em biodiversidade amazônica, com tese de doutorado em ecologia pela Universidade de Stirling, no Reino Unido. A assessora estuda as mudanças nas florestas amazônicas, o que inclui as perspectivas dos povos indígenas e de populações tradicionais da Amazônia.
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